Conheci Antonio Abujamra quando fui buscá-lo em seu apartamento na Rua Maranhão. Eu havia ficado de “tomar conta” dele naquele dia. Estávamos fazendo um projeto teatral lindo, dirigido pelo Chiquinho Medeiros e o Abu era um dos convidados em um ciclo de conversa que fazíamos.
Eu estava em pânico de conhecer um cara que que sempre foi conhecido por não perdoar quem vacila em sua frente. Deu chance, lá vem a rasteira. Se você não sabe do que estou falando, assista qualquer uma das entrevistas de seu programa “Provocações” da TV Cultura, e vai entender.
Fui sozinho, no apartamento fui recebido por uma assistente que me pediu para aguardar na sala. Coração na garganta, boca seca, tentando controlar a respiração para parecer tranquilão. Me perdi por uns minutos olhando cada detalhe da sala.
Do nada sua voz ecoou.
Então você é ator? E você é bom?
A cada dia me desafio a fazer meu melhor – respondi.
Dei um sorriso interno, feliz por ter respondido no timing, sem hesitar.
Ele, soltando o ar, acenou com a cabeça concordando mas sem dar muita importância.
Vamos indo?
No carro conversando com ele sobre alguns textos que estávamos trabalhando, percebi o ping pong que acontecia e que havia uma grande generosidade por trás das suas cutucadas.
Ao longo do dia senti ter me tornado como um “sobrinho”, ele caminhando com a bengala em um lado e comigo de braços dados no outro.
Sou muito grato por ter tido a chance ter conhecido o mestre Abu.

E quando chegou a noite, eu mal acreditava na cena surreal de estarmos eu e ele em uma casa de apostas de cavalos no bairro da Liberdade.
Vai Abu Pai, vai brilhar ainda mais alto.
Grande, eterno Tempo Abu.
A cultura brasileira perde tanto com a partida de Antonio Abujamra.
Somos tão fãs que temos uma coluna inspirada nesse sujeito.
Ficamos órfãos da acidez, da velocidade de raciocínio, do humor cínico, enfim, de todas as provocações de Abu
Nossa homenagem, hoje e sempre, mais do que nunca #TempoAbu
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TEMPO ABU :: A INCAPACIDADE DE SER VERDADEIRO – DRUMMOND
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TEMPO ABU :: RECEITA PARA ARRANCAR POEMAS PRESOS – VIVIANE MOSÉ
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TEMPO ABU :: O ESSENCIAL É SABER VER – ALBERTO CAEIRO
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TEMPO ABU :: VOZ – FERNANDO SPANGHERO
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TEMPO ABU :: A MULHER DO PRÓXIMO – SÉRGIO KOHAN
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TEMPO ABU :: DIFÍCIL FOTOGRAFAR O SILÊNCIO – MANOEL DE BARROS
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TEMPO ABU :: HOMEM – FIÓDOR DOSTOIÉVSKI
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TEMPO ABU :: PARA QUE A ESCRITA SEJA LEGÍVEL – CECÍLIA MEIRELES
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TEMPO ABU :: BEIÇO NO MUNDO – RUI CASTRO
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TEMPO ABU :: NÃO ENTENDO – CLARICE LISPECTOR
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TEMPO ABU :: RECEITA PRA LAVAR PALAVRA SUJA – VIVIANE MOSÉ
Gratidão pela homenagem transbordante, delicada, honesta. Rica assim como o trabalho dele.
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Com Abu, somente assim.
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